Filha de pais cabo-verdianos, ambos da ilha da Boa Vista, Nancy nasceu na Guiné-Bissau em 1975, mas com meses de vida veio para Cabo Verde. Cresceu na Praia e depois esteve também em São Vicente. Era adolescente quando o pai foi trabalhar para Portugal, para onde Nancy foi viver e onde acabou por ficar formando-se em Sociologia.
“Entrei na Universidade, constitui família e fui ficando. Mas sou cabo-verdiana em todos os momentos e todos os dias e não me sai do pensamento a ideia de voltar a viver cá (em Cabo Verde) ”, diz Nancy.
Está à vontade para cantar e falar nas duas variantes do crioulo, tanto badiu que sempre falou, como sampadjudu que começou a usar com amigos na faculdade. “Na música não faço diferença, o importante é a mensagem, a letra, a poesia e não o crioulo em si”, sustenta.
Corria o ano de 1995, quando Nancy venceu um concurso, gravando depois o seu primeiro CD “Nos Raça”. A vida trocou-lhe as voltas e na hora de decidir foi na música que optou por fazer carreira. “A música falou mais alto”. Afirma que não tem arrependimentos e guarda boas recordações dessa época, mas confidencia que a jovem Nancy não pensava na altura que um dia chegaria aonde chegou hoje.
Hoje, esta cantora de música tradicional de Cabo Verde, não se imagina de outra maneira ou noutra profissão.
Este ano terminou uma experiência nova. Apresentou o programa televisivo “Embondeiro” na RTP. “Foi uma grande experiência, embora tivesse sido muito cansativo”, confessa Nancy Vieira que gostou da experiência e não exclui a hipótese de aceitar novamente um convite do género, salientando sempre que é cantora, antes de tudo.
A sua ambição é continuar a gravar discos dentro do seu gosto e vontade, contando sempre com o apoio do seu público.
Caracteriza-se como uma “mulher simples e tranquila, apesar de aparentar agitada, que gosta de sossego”. “Vivo com a minha filha e tenho muitas preocupações como mãe de uma adolescente”, conta com um sorriso a cantora que vai fazer 37 anos. Revela que preza acima de tudo a família e diz que é “uma mulher como outra qualquer “ apesar da profissão.
Cristina Morais